14 dezembro 2005

Polêmica...

Claro que as declarações do presidente iraniano nessa semana de que o holocausto é um mito foram infelizes. Não desprezo o fato de que quase 5 milhões de judeus foram dizimados pela política do purificação do "Führer". Mas essa semana eu assisti um filme que me fez analisar por uma outra ótica toda essa situação. O filme em questão é HOTEL RWANDA (Hotel Ruanda, 2004) com Don Cheaddle, Joaquim Fenix e outros. A película mostra, através da ótica de um heróico gerente de hotel que conseguiu salvar mais de 1.000 pessoas, a guerra entre Hutus e Tutsis que explodiu em Ruanda no início da década de 90. Além de contextualizar o conflito e explicar sua origem, o filme também explicita o total desinteresse das potências hegemônicas em prestar socorro a um povo que no passado já foi classificado como sub-humano e até hoje colhe os podres frutos desse disparate.
Não querendo justicar um erro por outro, mas milhões de africanos já morreram nas guerras civis africanas. Nesse conflito de Ruanda foram 500 mil mortes somente nos primeiros meses de guerra. Apenas 300 oficiais da ONU foram destacados para garantir a saída dos estrangeiros do território de Ruanda durante a guerra, ignorando toda uma população nativa sedenta por socorro.
Claro e evidente que a Segunda Guerra Mundial não foi iniciada para conter o extermínio de judeus e outras minorias por parte da Alemanha Nazista, quem estudou um pouco sobre isso deve compreender. Mas após a guerra todo um esforço foi feito para restaurar a dignidade do povo judeu ao redor do mundo, criando até mesmo outro conflito com a criação do Estado de Israel em pleno território palestino, enfim. Fala-se do povo judeu até hoje como o mais maltratado, como a vítima da Segunda Guerra, filmes, livros, tudo se lança nessa direção. Quantos filmes sobre a situação africana já foram feitos? Mais uma vez não subjulgo o extermínio de judeus, mas e os pobres negros africanos que são considerados sub-raça da humanidade, não merecem atenção também? Ah, esqueci, enquanto judeus americanos e europeus são donos de grandes conglomerados industriais, donos de riquezas incontáveis e rendem muitos votos, os africanos, coitados, continuam sendo os caçadores de leão, os domadores de elefante, a sub-raça que não elege ninguém.

2 comentários:

Karla S. disse...

Gosto quando você questiona as coisas desta forma, com argumentos sólidos e embasados. Perfeito.
Os pobres da América Latina e da África importam pouco para judeus, americanos e europeus. Na verdade, a impressão que tenho é que a África passa um pouco pelo conceito de invisibilidade social que o Luis Eduardo Soares criou para descrever a indiferença da classe média brasileira para com os pobres daqui.
Mesma coisa, só que em escala global.

James Kings disse...

A diferença é que a classe média vez ou outra acorda pelo avanço da criminalidade. A África nem dessa forma consegue chamar a atenção, ao contrário dos terroristas do mundo islâmico, que é outro povo também esquecido, só lembrado quando o assunto é petróleo ou um homem-bomba.