05 outubro 2004

hoje eu quero é ser piegas ...

Esse vai ser o primeiro de uma série de posts com o tema "hoje eu quero ser piegas", onde eu declararei meu amor por alguma coisa, algum lugar, alguma pessoa ou algum fato da vida. e para começar, falarei da minha cidade natal, Belém do Pará.
Belém, capital do estado do Pará, pouco mais de 1 milhão de habitantes, rodeada pela Baía do Guajará, cidade das mangueiras, do brega, do carimbó, das chuvas diárias, do tacacá, do pato no tucupi, da maniçoba, do Círio de Nazaré, do Paysandu (maior e melhor time do Norte), do Remo (coitados, já sofreram tanto que nem tenho mais vontade de avacalhar), da Tuna Luso Brasileira, etc. Aqui moro há 20 anos (morei 01 ano em Belo Horizonte quando tinha acho que 2, 3 anos), aqui mora quase toda a minha família relativa a minha mãe (a outra relativa ao meu pai mora em Belo Horizonte). Não vou negar, muitas vezes pensei em deixar essa cidade. Muitas vezes falei mal dela pra quem quisesse ouvir. Mas, de fato, nunca deixei de amar Belém (lembrem-se que serei piegas sempre nesses posts). Sempre que penso em sair daqui, ir morar em um grande centro, antes de me decidir ir embora realmente, já começa a bater uma saudade. Aqui nasci, aqui cresci, aqui estudei, aqui conheci pessoas (muito poucas, é bem verdade, e muitas nunca mais vi, o que eu lamento sempre), aqui já sofri bastante e continuo sofrendo, mas claro, também tive muitas alegrias. Lembro-me da minha infância alegre, a qual passei grande parte morando no Conjunto Satélite (todo mundo de Belém conhece).
Brincadeiras nas ruas, jogava bola, jogava peteca, brincava de taco (só um dia desses fui saber que aquela velha brincadeira de taco é também um esporte em vários países de colonização inglesa, nada mais que o cricket, conhecem?), pira-se-esconde, pira-mãe, pira-alta, bandeirinha, polícia e ladrão, queimada, fura-fura, tanta coisa. O que eu menos vazia era ficar em casa, vivia na rua, o dia inteiro. Era chegar da aula de manhã, almoçar e ir pra rua. Ai umas 6, 7 horas da noite a gente entrava e ia tomar banho e comer alguma coisa, e depois voltava pra rua de novo, e ficava brincando até umas 10, 11 horas. Eu acho triste, a gente não vê mais quase isso por aí. Foi uma época mágica, me orgulho muito da minha infância. Me lembro que nos fins-de-semana meus pais levavam meu irmão e eu na Praça da República ou na Praça Batista Campos, pra gente ficar brincando por lá. Especiais também eram os passeios no Bosque Rodrigues Alves, o mítico Castelo de Greyskull (é assim que se escreve?), o passeio de canoa no lago. Eu morria de vontade de tirar foto naqueles cavalinhos de madeira que tinham (não sei se ainda existem) lá no Bosque, mas esse desejo sempre me era negado. Me lembro também de ir à Mosqueiro de ônibus porque a gente não tinha carro naquela época, e era uma festa só. Ir chupando laranja a viagem inteira, chegando lá comprava logo uma pipa e ficava empinando o dia inteiro até a hora de ir embora.
Enfim, a minha infância daria um livro bem interessante, muitas histórias pra contar. Já a adolescência foi muito conturbada, toda aquela alegria da infância parece que foi esquecida e os anos da puberdade foram os piores da minha vida, posso dizer assim. Até meus 12, 13 anos eu ainda fazia todas essas molecagens de ficar o dia inteiro na rua e etc. Mas começaram a aparecer as obrigações na minha vida e outros problemas me levaram a passar por uma época sombria. E nessa época eu comecei a odiar Belém, e cada vez que eu visitava outros locais, me sentia menos pertecente a essa cidade e queria sair daqui de qualquer jeito. Quando chegou a época de prestar o vestibular cheguei a cogitar a possibilidade de voltar para Belo Horizonte e tentar entrar na UFMG. Mas é como eu disse no ínicio, cada vez que eu pensava em deixar minha cidade pra trás, toda a minha história vivida nessa cidade, batia logo uma saudade, e eu como sempre me desfazia da vontade de sair daqui. E aqui ainda estou e não sei se um dia daqui sairei. Eu amo Belém, eu amo o Pará, aqui é o meu lugar!

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