18 outubro 2005

Futebol: Paixão Nacional. Como Se Explica?

Com tantas fraudes, tantos jogos manipulados, dirigentes falastrões, comentaristas falastrões, jogadores falastrões, violência nos estádios e arredores, mortes, brigas de gangs rivais, atentados aos clubes e jogadores, eu me pergunto: o futebol pode ser banido? Ora, se as raves podem, se os bailes funk também, se as festas de aparelhagem não podem tocar de madrugada, porquê o futebol pode continuar atraindo gente de pouca estirpe, assassinos sanguinolentos, ladrões de todo gênero, número e grau, e mesmo assim continua intocável? Simples: futebol é a paixão nacional. Como se proíbe isso?
Eu amo futebol. Eu acompanho tudo sobre futebol: sites, jornais, revistas, canais de televisão, vou ao estádio, tenho até interesse em ganhar a vida em cima disso (jornalismo, sei lá). Mas não consigo explicar essa paixão. Vejo com tristeza e pesares todo esse mar de lama que assola não só o futebol, mas o mundo, o Brasil, o Pará, meu bairro, minha rua. A desesperança muitas vezes bate a porta e eu fico pensando: isso é justo? E se não é justo porque ninguém faz nada? Por quê eu não faço nada? Simples: porque eu sou brasileiro, eu desisto sempre. Isso mesmo, contrariando a propaganda governista, o brasileiro desiste sempre. Ele desiste de lutar pelos seus direitos, ele desiste de se indignar contra a violência, ele desiste de esquecer aquele político corrupto e vota nele. É só vir uma Copa do Mundo (futebol é o ópio do povo também, fazer o quê?), uma Olimpíada, um Big Brother Brasil, uma novela apelativa das 8, que fica tudo em paz novamente. E continuamos empurrando com a barriga.

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